domingo, 29 de maio de 2016

A história é imparável

Paralelamente ao desenvolvimento de todas as áreas do conhecimento que fortalecem a capacidade do ser humano assumir a liberdade individual com consciência da sua responsabilidade social - integridade, coerência, ética e respeito pelos outros, solidariedade -, o sistema capitalista privilegia o poder de uma elite que controla o capital e desenvolve meios de comunicação para difundir massivamente o antídoto aos princípios de equilíbrio que integra indivíduo e sociedade no percurso evolutivo que os aperfeiçoa.

A existência de um poder centralizado que impõe pela força o crescimento da riqueza como meta do desenvolvimento descurando as necessidades humanas da população que realiza os trabalhos produtivos e suporta os sacrifícios, deforma o caminho trilhado pela humanidade com a meta da liberdade e da igualdade.

O combate ao sistema capitalista que domina a economia mundial é realizada por caminhos ainda possíveis que tocam os indivíduos, preservando os seus valores, e aproveita condições estratégicas em que a elite poderosa é obrigada a ceder às exigências dos que são o esteio da produção - os trabalhadores e suas famílias.

A história mundial, na evolução das forças que se unem ou se separam na expansão das conquistas - descobertas de territórios, povoamento, colonização, movimentos de libertação, independências nacionais e desenvolvimento de uma nova sociedade - obriga a elite a ceder para depois retomar o poder, criando brechas estratégicas para os que têm por meta o sistema socialista.

No segundo milênio verificou-se na América Latina uma etapa histórica em que governos progressistas abriram as portas das universidades para os mais pobres de todas as etnias, formados com apoios especiais para os que revelam os seus talentos em busca de maiores conhecimentos. A criação de empresas de comunicação social, como a EBC e os canais de TV internacional pelos Estados evita o monopólio da mídia privada controlada pela elite do sistema transnacional.

Devemos redefinir o que se entende por sociedade civil para encararmos o verdadeiro significado de democracia real. E os políticos terão de assumir compromissos com os que os elegem sem o distanciamento classista que antes separou os que "debatem a teoria" dos que "vivenciam a prática" para, juntos, defenderem a nação do determinismo capitalista.

Os governos que seguiram os programas sociais lançados no Brasil por Lula em 2003, permitiram que a juventude desabrochasse como cidadã. Basta ver o comportamento dos estudantes organizados do ensino secundário e superior, dos jovens trabalhadores do MST, dos milhares de professoras e professores que enfrentam os problemas de carência nas escolas e de violência nos alunos e buscam, incansáveis, os cursos de capacitação que ajudem a perceber como enfrentar as mudanças sociais, dos "Sem Teto", dos imigrantes, de sindicalistas, de intelectuais, de artistas.

A ameaça de golpe desencadeou uma participação adulta dessa juventude na defesa da democracia e contra as máfias que estão por detrás de políticos proeminentes e com poder no Estado. Os protestos foram enriquecidos pela coragem e criatividade dos jovens que, ao mesmo tempo promovem a união de todos com as suas diferenças. As expressões revelam uma certa anarquia de costumes mas que distingue os opressores dos oprimidos, com identidades de classe e de cultura patriótica. Não cabem nas estruturas partidárias, transbordam qualquer limite. Mas têm metas coincidentes com os objetivos de esquerda e humanistas: querem o país melhor, combatem os corruptos, repudiam os que usam as leis para simular um Governo que não passa de um grupo assaltante. Exigem políticos à altura do país formado pela sua evolução histórica, decentes, honestos, capazes, dignos dos cargos de Estado. Um novo Estado, democrático de verdade.

No Brasil, a Frente Brasil Popular e outros movimentos sociais que vão surgindo como retalhos da sociedade brasileira para lutar pela integração na sociedade civil, na perspectiva de limpar o Estado desta gangue assaltante PMDB/PSDB e aliados, reproduz o caminho inovador que levou Lula ao governo em 2002, no combate à ignorância das forças políticas que veem apenas a necessidade de chegar à Presidência de um país sempre dirigido por oligarquias, poderes de classes exploradoras, sem questionarem o determinismo do sistema capitalista. Dizem um rotundo não às cedências aos ambiciosos que vendem o seu eventual apoio, porque conhecem os que construíram a própria dignidade, como o povo trabalhador, diferentes dos que herdaram altas posições e riquezas e só pensam na acumulação do capital.

Este lutadores têm consciência de que, mesmo dentro dos estreitos limites do sistema capitalista que beneficia uma elite mandante com a exploração dos que trabalham, é possível abrir caminho para uma democracia que se consolida através da luta de massas e do esclarecimento de quadros políticos sobre o papel das instituições públicas no desenvolvimento das forças produtivas e dos direitos de cidadania para todos. Um governo democrático tem o povo organizado como parceiro e discute com os vários setores sociais as formas possíveis de ação dos agentes privados e o Estado; fiscaliza a aplicação das leis constitucionais e a comunicação social que forma a consciência e a cultura nacional; estuda a evolução da sociedade e o surgimento de problemas condicionados pelo sistema envolvente para defender a democracia real e impedir a segregação de cidadãos marginalizados; fomenta o conhecimento da história nacional, das etapas da sua evolução, da integridade patriótica e do papel do país em relação aos seus vizinhos no continente, e aos demais a nível internacional.

Toda a esquerda, os democratas, os humanistas, reconhecem que o fundamental hoje é fortalecer a união para vencer a direita golpista que é dirigida pelo imperialismo. A união com o povo brasileiro e com os povos latino-americanos que lutam pelo mesmo objetivo: a democracia real. Todos conheceram o perigo do neoliberalismo que impõe aos setores mais pobres das sociedades o custo da crise sistêmica que deve ser paga pelos ricos que acumularam o capital nas empresas financeiras. Todos sabem que as riquezas naturais constituem o patrimônio nacional que garante o emprego e o Estado social para toda a população se for gerido por patriotas em contato permanente com os movimentos sociais representativos.

Respeitem a Constituição e os princípios jurídicos criados para servirem a Pátria dos brasileiros como uma Nação independente onde floresce a dignidade. Que o povo, livre das pressões golpistas, manifeste a sua escolha através de uma nova eleição, antes que o Brasil seja completamente delapidado e mais de 200 milhões de cidadãos sofram as consequências do saque! O golpe foi um crime e continua impune!

sábado, 21 de maio de 2016

Destruição dos princípios éticos e das instituições do Estado democrático


A sala da Casa do Alentejo, em Lisboa, foi pequena para receber os deputados latino-americanos e o caloroso abraço de velhos e novos comunistas, sindicalistas, amigos, militantes das causas populares que nunca abandonam a luta solidária. Os presentes comentavam: "Para receber todo um Continente deveriamos ter organizado um comício em praça pública para trazer os mais de 100 mil que em Portugal sempre oferecem a sua solidariedade à luta revolucionária que estes deputados da América Latina estão representando".

Os portugueses superam as suas dificuldades impostas pela UE - fração do imperialismo - para darem o apoio solidário aos latino-americanos e receberem o impulso da luta que aqueles povos hoje desenvolvem para evitar que a democracia social e a independência nacional, criadas por tantos governos progressistas, sejam destruidas pelas diferentes formas de golpe alimentadas pelo impérialismo.

Cada um dos mais de 20 deputados e senadores da América do Sul, Central e Caraibas, relatou com cores vivas as diferentes condições que herdaram dos 500 anos de colonialismo e exploração neo-capitalista que as oligarquias subservientes ao sistema financeiro internacional insistem em manter, contra a força dos povos na defesa por melhores condições de vida que conduza ao desenvolvimento da cidadania e à independência da pátria em que nasceram. Desde a ameaça militar que a Venezuela sofre, o bloqueio económico que persiste em Cuba, ao retrocesso imposto à Argentina com a eleição do amigo de Obama, às pressões da midia e de um sistema de corrupção dirigido pelas multinacionais para romperem o poder judicial em todos os países e conduzir as campanhas eleitorais, até ao "golpe branco", que afastou a Presidente Dilma com um falso processo de empeachment,  e criar um governo não eleito com ministros da oposição, crimes que se somam à prática de incapacitação de mulheres camponesas para a procriação no Perú durante o governo Fugimori, foram expostos as várias faces da violência fascista que uma elite poderosa no sistema capitalista vem utilizando como arma política contra a humanidade.

Tal como foram provocadas as "primaveras" que destruiram sociedades do leste europeu, do Oriente Médio e Norte da Africa, o imperialismo volta-se contra a América Latina que tem provado a capacidade dos povos de sairem da miséria e desenvolverem a sua economia independente das traiçoeiras ajudas financeiras oferecidas pelas instituições bancárias multinacionais que destroem as nações atoladas na austeridade assassina.

Querem voltar no tempo em que as nações eram mantidas como subdesenvolvidas para servirem de "quintal" para os ricos norte-americanos. Não percebem que a História não gira para trás, que as consciências de luta dos povos não se apagam, que as novas gerações que hoje estão nas ruas defendendo as escolas públicas e os colegas que puderam vencer os preconceitos raciais, de gênero, de classe, de etnia, não aceitarão um governo de traidores pérfidos e covardes mesmo que os seus pais lá estejam por ambição mesquinha de um poder falido.

O maquiavelismo do poder instaurado no cerne do sistema capitalista não tem limites no uso meticuloso de uma deformação psicológica imposta através dos meios de comunicação social que ha dezenas de anos conduz a informação levada às populações através da televisão e de livros para alterar a cultura e inocular a consciência individualista e alienada. Nos meios mais pobres a prática psicológica é substituida pelo bisturí que aleija o aparelho reprodutor das mulheres (como foi feito durante o governo Fugimori no Perú) ou por medicamentos venenosos que dizimam populações nos continentes africano e asiático ainda hoje, como cobaias humanas de uma indústria farmacêutica corrompida. Estas iniciativas tornaram-se conhecidas logo após a Segunda Guerra nas missões norte-americanas à que deram o nome de "Paz e Progresso". Distribuiam leite em pó e medicamentos nos continentes do então chamado "Terceiro Mundo".

No entanto, a guerra liderada por Hitler foi vencida pelos soldados soviéticos que foram seguidos pelos "aliados ocidentais" inimigos da Revolução Socialista que expandiu a luta pelos direitos humanos, pela legislação do trabalho, pela igualdade de gênero e de raças, pela democracia social e a distribuição de rendimentos. E cada povo criou as suas organizações e passou a lutar pelos seus direitos e pela independência da sua pátria. O poder imperialista definiu-se em torno da acumulação do capital e do sistema financeiro transnacional e não desiste de combater o sistema socialista.

Mas há muito por fazer. Em primeiro lugar, para compreender as falsas ofertas feitas pela elite. Assim como oferece ajuda financeira com baixos juros até conseguir que os clientes percam a independência de viver por conta própria, produzem uma literatura ou notícias e filmes com aparência de solidárias com quem luta contra as garras do sistema. Aos poucos vão destruindo os princípios éticos - para justificar traições, roubos e todo tipo de crime - e a confiança nos que continuam a lutar mesmo suportando sacrifícios e risco de vida, apontando-os como ingênuos ou simplórios. Tentam demonstrar que a elite capitalista é que entende a realidade e sabe como conduzir a gestão da economia para salvar a humanidade (pobre e escravizada, claro). Assim fala o agora ministro da Fazenda no governo golpista como porta-voz dos bancos internacionais, como também os que dirigem o Banco Central Europeu que pretendem dar ordens a todas as nações europeias desconhecendo a soberania nacional de cada povo. Fazem de conta que não existe soberania nacional e que a democracia é autorizada pela elite por caridade.

Não lhes passa pela cabeça que os povos quando libertam a consciência da sua força, percebem que os poderosos inventam uma lógica de pensamento que nada tem com a realidade em que vive a maioria. É a lógica dos ricos que vivem da exploração e não deixam tempo para os escravos pensarem e conhecerem a sua realidade, a verdadeira realidade que permite a vida à toda a humanidade. Não é a riqueza acumulada que garante a sobrevivência dos seres humanos, é o trabalho produtivo de todos os adultos a partir dos recursos naturais que nos cercam. O sistema capitalista impõe a lógica do dinheiro para ocultar a lógica da liberdade de trabalhar que vence todas as formas de exploração. A função do Estado é Social, e o sistema do futuro é socialista para dar oportunidade a todos os cidadãos de terem boas condições de vida sem exploração.

Um exemplo, entre muitos, de literaturas enganosas como créditos de juros baixos: O autor britânico John Le Carré, que pertenceu ao corpo diplomático do seu país, escreve livros com denúncias contra organismos de segurança do Reino Unido que funcionam em permanente conluio com as gangues e mafias assassinas que sustentam instituições ligadas à investigação científica e á produção de medicamentos. Constroi com habilidade romances em que os movimentos de solidariedade envolvem pessoas ingénuas que dão a vida por causas humanitárias e sórdidos oportunistas que vendem informações às máfias sob a vista complacente dos funcionários da segurança britânica. Com uma bela estória denuncia como inoperantes duas esperanças para quem luta pela humanidade: os "ingênuos" e "ineficazes" movimentos de solidariedade e as "instituições do Estado democrático". Falso, como o processo de empeachment inventado contra Dilma! O objetivo das mentiras políticas é liquidar as bases do regime democrático existente, as instituições sociais, as leis e justiça, as organizações de luta popular.

Quando uma sociedade amadurece os seus conceitos de democracia e as suas organizações políticas e sociais, como ocorreu com o Brasil, e começa a consolidar um Estado democrático que combate a exclusão social com os direitos de cidadania, com educação, saúde, cultura, infra-estrutura para o desenvolvimento social e economico, habitação, salário, previdência social, distribuição de renda, sistema judicial, o golpe assumiu a função de desacreditar as instituições para que a democracia desapareça de cena deixando o povo perdido em um território vazio de leis em que os golpistas assumem o papel de salvadores do caos.

Entramos na órbita de um programa comandado por ETs? Não, reunimos as massas populares e tomamos a iniciativa de reorganizar um governo brasileiro, democrático, patrióta, unido aos demais governos progressistas que existem na América Latina e no mundo, como foi proposto pelos representantes recebidos em Lisboa nondia 17 de Maio.

Zillah Branco

segunda-feira, 16 de maio de 2016

O Governo "Zika"

Temer é do tipo "zica", inocula a peçonha no cerne do Estado para impedir que o Brasil se desenvolva. Pegou carona na eleição de Dilma, por 54 milhões de brasileiros que querem os Programas Sociais iniciados por Lula em 2002, e tornou-se Vice. 


Maneiroso, recatado, um passo atrás de quem foi eleita, manteve a figura insignificante de sempre, movendo-se no escuro, deixando ouvir aquele murmúrio monótono que não forma um pensamento e chateia como qualquer mosquito pedindo tapa. Consultou os especialistas norte-americanos e, quando a crise do sistema capitalista atingiu o Brasil, agarrou-se à idéia de golpe como de um passe de mágica para tornar-se presidente.

Usou o PMDB que fora democrático no passado, servindo-se de um grupo ambicioso que se apoderou do céu e da terra para iludir os distraidos eleitores, fez cara de macho-machista, corrompeu esbirros de apoio (como consta de processos crime em curso), foi defendido pela velha oposição de direita cheia de ódio aos pobres no Senado, e assumiu o cargo interino. Dizem que o "zica" se agarra às paredes uterinas para reduzir o cérebro e as defesas orgânicas dos que dali nascem.

Basta ver os ministros de direita pró-imperialista que escolheu, que têm pressa em declarar guerra à democracia e à unidade latino-americana construtora da independência nacional e defensora dos povos com os seus direitos de cidadania. O mal que este governo fará precisa ser evitado a todo custo, antes que o seu virus se instale irremediavelmente.

Quem não sabe que desde 2002 o Brasil salvou 55 milhões de brasileiros da fome endemica? Que criou postos de trabalho que hoje salvam os jovens desempregados da Europa e permitem uma elevação nas condições de vida do trabalhador brasileiro? Leiam as informações do IPEA sobre a melhoria dos índices de Desenvolvimento Humano que já constam dos documentos da ONU para servirem de exemplo ao resto do mundo. Deslumbrem-se com o recente estudo que mostra a redução em 2% no número de homicídios para cada 1% de mais jovens nas escolas!

O exemplo do Brasil, que integra o Brics com capacidade para formar um banco mundial de desenvolvimento ao serviço dos povos; que desenvolveu uma invejável empresa petrolífera que alimenta a cobiça dos vizinhos do norte da América e seus parceiros europeus; que em dois anos transformou o empobrecido e atolado em dívidas Maranhão, no modelo de desenvolvimento que atrai professores para suas escolas e investigadores científicos para aprenderem o que ainda parece milagre de gestão e crescimento; que leva a sua cultura em música, cores e inteligência como a mensagem da esperança e alegria para inspirar outros povos na construção democrática que liberta a humanidade das garras dos predadores que sempre oprimiram os pobres - tudo isto está em risco se os programas de "zika" que Temer anuncia forem aplicados. O compromisso financeiro do ministro da Fazenda é com os bancos e os mercados internacionais; o do ministro redutor da cultura e da educação é com as empresas privadas de exploração; o da saúde é com as empresas de seguro médico; o da ciência è com o criacionismo medieval. Nenhum pensa e fala com os brasileiros, com o povo que trabalha, com os pobres que foram marginalizados, com as mulheres que esperam um futuro humanizado para os seus filhos.

Não poderemos esperar que em 180 dias o Brasil tenha o seu caminho de desenvolvimento interrompido por ação de um governo "zika". Todos à rua nas grandiosas manifestações de jovens e adultos, mulheres e homens, de todas as etnias, de diferentes idéias mas unidos na mesma Pátria, para exigir que o Brasil seja devolvido sem virus ao seu povo !

segunda-feira, 9 de maio de 2016

A "Direita"rancorosa



Os revolucionários incentivam as pessoas a participarem nas transformações que levam as sociedades a definirem os caminhos democráticos. É uma luta permanente para criar melhores condições de vida para todos: os que trabalham, os que estudam, os que desenvolvem a ciência e as artes, os idosos, as crianças, os que precisam de apoio.

As elites, que se servem do poder para explorar os mais pobres, vivem folgadamente acima da realidade em que mal sobrevivem os oprimidos. Não vêm as desigualdades e os sofrimentos. Alguns percebem e inventam teorias que explicam como uma fatalidade ou o destino a existência de ricos e pobres, fortes e fracos. Outros deixam-se ficar, alheios a uma maioria de cidadãos que se amontoam em bairros periféricos, dos quais se afastam com medo de assaltos ou do lixo acumulado.

As forças da ordem ao serviço da elite perseguem os revolucionários e ameaçam as populações oprimidas que os acolhem. Mas a História não pára; modifica-se contínuamente disseminando as sementes do percurso revolucionário que voam com as idéias por todo o mundo levando as imagens de movimentos de libertação de classes oprimidas e de países colonizados que plantam a democracia no seu solo.

Das elites surgem pensadores que admiram as mudanças ocorridas e o surgimento de Estados que atendem as populações com serviços sociais - de saúde, ensino, transporte, habitações - que promovem o desenvolvimento das suas indústrias, serviços e comércios. Acreditam que podem criar uma sociedade democrática onde uma elite benfeitora poderá gerir o Estado de maneira democrática. Esta elite é conservadora (quer continuar com as vantagens de gerir o poder) mas reconhece que o povo tem direitos humanos para se desenvolver.

O papel desumano dos que impedem que a democracia seja implantada em benefício de todos os cidadãos hoje é mais visível, um pouco por todo o mundo, devido ao conhecimento maior das ciências humanas e a crise que estrangula o sistema capitalista. Veja-se a filosofia social pregada pelo Papa Francisco que se aproxima de uma ideologia até agora defendida exclusivamente pela esquerda militante.

Nem todos os da elite aceitam sacrificar as suas riquezas sempre crescentes para financiar um Estado Social. Começam a corromper pessoas que ocupam lugares na estrutura do Estado para desviar a riqueza nacional para os bancos da elite e legisladores para que os direitos já conquistados não sejam respeitados. Criam dificuldades para que se instale a democracia promovendo conflitos sociais incentivando a prática de crimes e o hábito da corrupção. Torna-se cada vez mais difícil gerir o poder e manter a democracia. Destaca-se na elite uma "direita rançosa" que revela o seu instinto cruel contra a democracia. Ela odeia os pobres e todos os oprimidos, quer a riqueza produzida pelo país à sua disposição para escravizar trabalhadores e corromper serviçais. Inventa um "golpe de Estado" que acabe com a democracia e destrua as iniciativas revolucionárias.

Assim aconteceu no Brasil, dando início à oposição política que perdeu as eleições em 2015 quando Dilma foi eleita por 54 milhões de cidadãos que apoiaram o programa democrático defendido pelos partidos de esquerda. Fizeram uso da mídia, dos que foram processados por corrupção, de fanáticos da Igreja Pentecostal manipulada por políticos inescrupulosos, de juizes e advogados que desrespeitam a Constituição, de defensores da ditadura militar e sua prática de tortura, o que provocou uma indignação que se alastrou trazendo o povo brasileiro para as ruas e um movimento internacional de solidariedade à construção democrática iniciada no Governo de Lula em 2002.

Tal movimento permitiu a compreensão de que a democracia só existe se incluir os explorados e destituir os exploradores do poder. É a visível luta de classes que sempre inspirou os revolucionários e os leva a enfrentar a violência dos golpistas com a coragem de quem oferece a vida pela vitória.

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* Cientista Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde.