quinta-feira, 7 de maio de 2015

Modelo social em crise



Portugal atravessa um período negro da sua História, o que se comprova pela proliferação de crimes contra velhos, moços e crianças da mesma família ou dos vizinhos. A informação social instila, nos seus programas, o ódio desvairado que se traduz em heroísmo de quem não tem perspectiva de vida, tanto através dos filmes norte-americanos como da forma como mente sobre a responsabilidade familiar pela produção de terroristas ou do povo que tem a honra de pagar dívidas feitas em nome do país. A família é, na verdade, a grande vítima deste desespero gerado pela crise de valores que é arrastada no tsunami do sistema capitalista, assim como o povo que sofre a miséria causada pelos que fazem grandes fortunas com os créditos bancários. O "falso moralismo" transfere as responsabilidades pessoais e da elite mandante para o coletivo indefeso.

Dirão muitos que esta é a "cassete" dos comunistas, mas hoje também é a do Papa e dos cardeais e personalidades que o seguem, da CNBB (Conselho Nacional de Bispos do Brasil), que avisam não quererem fazer política mas sim alertar a humanidade para o perigo de implosão selvagem que a ameaça. Na verdade os princípios éticos são tratados como "cassete" pela media de acordo com a sua técnica publicitária para denegrir os próprios valores humanistas, tornando as gerações mais dóceis à formação subliminar de escravos (onde se incluem os funcionários que debitam em público o que receberam como informação dos seus superiores hierárquicos). Cassete é a que atribui culpas às famílias sem apoio do Estado e ao povo que não pode fiscalizar os abusos do poder capitalista que nada tem de democrático, como aos trabalhadores da TAP que fazem uma greve justa para evitar que Portugal perca a sua empresa lucrativa quando bem gerida na grande liquidação feita pelo actual Governo.

O modelo para manter o poder do capital e da elite que o adora como um deus, é tão minucioso e mecanicamente bem montado que parece a tradução estrutural da verdade absoluta. A pirâmide organizada desde a base onde se situam os miseráveis (que apenas podem sobreviver com o que, sobrando, lhes é oferecido como obra da caridade superior dos mandantes) vai acrescentando os que trabalham para se formar e produzir e os que têm algum conforto permitido pelos superiores (os quais se dividem em funcionários  ou agentes da burocracia do sistema, corruptos e corruptores que financiam uma elite beneficiada pela mais valia produzida lá em baixo e pela distribuição das rendas sob a forma de salários no posto político que ocupam e os prêmios deixados pela andanças do dinheiro pelos bancos nacionais e estrangeiros).

Actualmente agravou-se a figura dos comandantes nacionais que, dependendo das ordens transmitidas em inglês desde a cúpula do império mundial, são levados a mentir com cara de santo autista ou a fazerem afirmações de tão baixo nível mental que mereciam nota zero em qualquer exame escolar, profissional ou de consciência. Se receberem um atestado médico de que sofrem das faculdades mentais poderão justificar a insanidade.

O pensamento foi substituído pela norma burocrática e qualquer dúvida ou tentativa de diálogo desencadeia ameaças de destituição do cargo que ocupa, com multas e taxas de desconto financeiro até a penhora dos seus bens. Ditadura do sistema aplicada como se fosse legislação com fundamento jurídico institucionalizado.

O agravamento da situação social, económica e política de Portugal, tem despertado a consciência de personalidades humanistas de diferentes tendências ideológicas, assim como de jornalistas que (mantendo as empresas e empresários com um pé em cada lado do muro) analisam os problemas sociais com objetividade e sensibilidade humana em programas que, ao mesmo tempo, oferecem grandes somas a quem telefonar e responder ao jogo de perguntas. Estas informações sobre a realidade, de alguma forma colaboram no sentido de uma consciencialização dos riscos de desagregação social e desespero sem rumo, que poderão engrossar as manifestações apoiadas e defendidas pelos movimentos sindicais e sociais que enchem as ruas do país.

A polícia e forças para-militares, também sindicalizadas, já perceberam que a organização das massas evitam a explosão descontrolada da população levando a sociedade a um descontrole inevitável, como o que se vê ocorrer quando isoladas as famílias nas suas casas e aldeias remotas. Acompanham os perigos oferecidos pela internet, pelos que comercializam drogas, por grupos agressivos, junto a escolas, junto aos manifestantes, sem ultrapassarem os seus limites profissionais e a legislação que limita os seus direitos de criticar a média e as autoridades nacionais. Mas um grande passo foi dado quando as forças policiais deixaram de cumprir ordens contra a população e passaram a zelar por ela, da qual fazem parte. Actos extremos têm merecido a admiração popular, quando em manifestação popular simularam uma invasão da defesa do Parlamento para em seguida congraçar com os colegas que ali tinham sido colocados para proteger a Assembleia. Outro acto de coragem que desperta o respeito da sociedade, foi o da Guarda Nacional Republicana que levou o protesto contra medidas governamentais de corte salarial de mais de 800 guardas a Tribunal. As garantias que têm estão contidas na Constituição da República do 25 de Abril e defendidas por um poder judiciário democrático.

São sementes democráticas deixadas pela Revolução dos Cravos que transformou os protetores das autoridades em apoiantes do povo em busca de soluções organizadas em regime democrático. Esta realidade não entrou no discernimento das personagens que ocupam o poder executivo no Estado actual. O Governo repete que "Portugal vai bem, o povo é que vai mal", separando o valor do capital do valor das gentes. É a fórmula para produzir desespero, revoltas e terrorismo. Como se vê acontecer na ex-feliz América do Norte, onde a miséria avança e o racismo agrava as tensões que provocam mortes e distúrbios incontroláveis, instituindo na Nação que tem a Liberdade fixada em bela estátua, o terrorismo nas forças policiais e na acção de uma juventude desesperada.

Zillah Branco

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