segunda-feira, 23 de março de 2015

Exportar pobres e importar ricos



O Vice do Primeiro Ministro em Portugal "descobriu a pólvora" com esta estratégia de import-export para salvar a economia nacional. Com os "vistos gold" criou o caminho para trocar quem trabalha e não tem emprego por quem não trabalha e, sendo milionário, vai certamente comprar uma bela casa e contratar empregados para trabalharem por ele. Depois vê-se o que fazer aos seus milhões em euros, se vieram de não se sabe onde e vão para um paraíso fiscal qualquer como fizeram os protegidos pelo Espírito Santo.

Afinal a vida privada é aqui respeitada. E como! Os jornais estão cheios de manchetes que explicam o inexplicável mistério da Justiça que condena altas personalidades do mundo financeiro e do Estado à prisão (por crimes de peculato, desvios de dinheiro público, abuso de poder, falsidade ideológica, corrupção e branqueamento de capital, além de erros crassos no planeamento de acções governativas que desorganizam o sistema judicial, o de educação e o da saúde) e, depois de embrulhadas discussões sobre a aplicação das leis, fica tudo na mesma santa paz do senhor, pairando a culpa sobre os funcionários que digitam as ordens.

Claro que a descoberta desta maneira de trocar pobres nacionais por ricos estrangeiros não foi de Portas. A patente é europeia e está a ser aplicada nos demais países unidos pela ambição da velha colonização. Coincide que nesses mesmos países que crescem à custa da mais-valia dos imigrantes de nações empobrecidas, os trabalhadores e suas famílias estão a exprimir a sua indignação com formidáveis manifestações para derrubar os espertos governantes que vendem a pátria com a mesma falta de pudor com que venderam a consciência, os princípios éticos, a família, a dignidade e a História dos povos.

Eleições em Portugal

Com a proximidade das eleições, o jogo político entre os partidos que se alternam no Governo desde 1975 (para impedir o prosseguimento da Revolução dos Cravos que instaurou o regime democrático dando voz e leis trabalhistas a todos os portugueses e, com as nacionalizações das empresas fundamentais que asseguravam a soberania nacional e a reforma agrária que garantia o auto-abastecimento alimentar do país), os partidos que se somam para calar a oposição de esquerda, viram-se levados a quebrar os laços íntimos (da direita que une a elite económica) e começaram a denunciar as mútuas falcatruas cometidas durante os turnos governamentais.

O ex-primeiro ministro Socrates foi preso antes do Natal de 2014 sob acusações de desvios milionários de dinheiro público e a imagem que a mídia divulga é de que para uns é "mártir heróico" que não consegue convencer os juízes da sua inocência, enquanto que para outros "será melhor que aguente sozinho a punição" de crimes que não são do conhecimento público e que envolvem personalidades da elite que disputa a nova eleição.

Em matéria de abusos de poder e fraudes financeiras, com o desvendar da história vergonhosa do centenário Banco Espírito Santo e mais as listas VIP que surgiram no Ministério das Finanças para proteger altas personalidades da elite mandante (invisíveis para os governantes e assumidas como hipóteses de erros informáticos por leais subalternos que dão, senão a vida, pelo menos a dignidade, para salvar os seus soberanos elegíveis), fica difícil imaginar o gráu de impunidade e conivência que une o mundo privado da direita. As eleções virão vestidas de democracia para que os "de baixo" escolham os seus candidatos influenciados pelas orientações da mídia (controlada pela direita) se não tiverem conhecimento da realidade que a esquerda luta por difundir de casa a casa, de pessoa a pessoa, sem o apoio financeiro que beneficia apenas a elite a serviço do sistema de poder financeiro e não da vida da população em geral.

Voltemos a pensar sériamente no significado profundo do 25 de Abril, quando o governo de Vasco Gonçalves nacionalizou a banca, promoveu a intervenção das empresas mal geridas, deu início à reforma agrária e ao apoio aos pequenos e médios agricultores, abriu caminho para a Escola Pública, para o Serviço Nacional de Saúde, para a Segurança Social e conseguiu manter as reservas de ouro sem contrair as dívidas escandalosas que hoje são pagas pelo povo com a miséria produzida pela austeridade opressora.

Era um tempo em que o Estado fortalecido defendia a economia nacional ao promover o trabalho  produtivo para dar melhores condições de vida aos pobres e receber de volta os saudosos emigrantes. Era um tempo em que a Justiça não fechava os olhos às espertezas do poder financeiro. Era um tempo em que tudo se fazia pelo desenvolvimento do país e do povo. Era um tempo em que a OCDE reconhecia a capacidade de auto-abastecimento alimentar em Portugal e que seria possível defender a soberania nacional sem recorrer aos loteamentos hoje feitos para satisfazer as ambições de domínio estrangeiro.

Zillah Branco

22/03/15

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