segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sistema que modela as pessoas e as suas ações

Os modelos do capitalismo e a destruição das nações

A criação de "modelos" - visuais e mentais - definidos pelos critérios impostos pela elite dominante,  pretende uniformizar a população tornando-a mais facilmente controlável. É a "formatação" imprescindível para manter uma organização do poder, autoritária e inflexível. A lógica do sistema capitalista, especialmente na sua fase de imposição do mercado a nível global, é intrínseca à acumulação centralizada do capital nas mãos de uma elite que exerce um poder discriminatório sobre os povos. Esta dinâmica foi despoletada na expansão colonialista com a descoberta do Terceiro Mundo, dando início à destruição progressiva de civilizações indígenas e seguiu, mesmo nos países colonizadores onde as antigas culturas ficaram marcadas pela pobreza e o atraso por falta de acesso à comunicação e desenvolvimento do conhecimento intelectual fechado nos cofres dos "escolhidos" pelo poder.

A estrutura administrativa deste tipo de poder define a sociedade como uma estratificação de acordo com a qualificação econômica dos que tiveram oportunidade de formação profissional e adquiriram conhecimento moderno e comportamento social consideradas "superiores". Os privilegiados atingem graus de chefia com autonomia para classificarem os seus subalternos enquadrados de acordo com os seus próprios critérios eivados de preconceitos e má fé. As instituições que dinamizam o Estado, formadas de cima para baixo reproduzem o "modelo" do poder central e garantem a sua permanência executando as "ordens" emitidas pelos seus superiores mesmo que contrárias aos conceitos específicos da matéria pela qual é responsável profissionalmente. Aqueles que se rebelarem apresentando argumentos alternativos às decisões superiores serão afastados da escala de poder administrativo ou mesmo demitidos.

O medo é o móbil do comportamento funcional para alcançar e conservar o emprego com os benefícios oferecidos pelas instituições do Estado e empresas. Em função do medo proliferam as formas de oportunismo que anulam os conceitos éticos básicos no comportamento humanista e independente que caracterizam a formação de personalidades criativas e solidárias com o desenvolvimento coletivo da sociedade, contrária às ambições individualistas e mesquinhas dependentes das estreitas metas
oferecidas pelo poder de uma elite.

O sistema capitalista, hoje predominante em todo o planeta, nasceu pela via financeira que passou a servir as famílias da nobreza que dominavam nações, feudos e condados herdeiros da situação medieval. Financiaram confrontos, guerras de expansão territorial, intrigas palacianas, crimes que eliminam opositores, enquanto consolidavam as primeiras instituições que constituíam o eixo dos futuros Estados republicanos. As famílias reais passaram a coadjuvantes daqueles que haviam sido os seus antigos assessores e investidores.

Foram abandonados os punhos de renda e a roupagem pouco prática para os novos políticos e executivos que assumiram os trabalhos que o poder capitalista exige aos executivos do sistema. Conservaram a gravata distinguindo-se dos trabalhadores mais rudes, de uma classe que apenas recebe para sobreviver. Entre as duas classes com condições de vida e interesses opostos, permaneceu uma classe média que tem capacidade de adquirir formação profissional e de consumir mantendo a dinâmica do mercado e recebendo benefícios do Estado como cidadãos. A perspectiva de futuro a faz adotar os modelos da classe dominante mesmo que construídos com matéria prima e Europa colonizada.

Em função da crise financeira da maior potência mundial, são provocados conflitos internos em todos os países detentores de riquezas minerais, principalmente o petróleo ou de posições estratégicas para futuras guerras de intervenção. Assim foi com o Afeganistão, o Iraque, o Irão, a Líbia, o Egito, a Bósnia, a Yugoslavia, o Yemen, o Mali, a Turquia, a Síria, a Ucrânia e tentam na Venezuela. Hitler não teria feito pior. Os campos de concentração foram substituídos por campos de refugiados e os fornos de cremação pelas valas comuns para onde vão os assassinados por armas ou fome.

Curiosamente, enquanto os povos do Terceiro Mundo que lutam para implantar uma verdadeira democracia e aos poucos vão cortando as amarras lançadas pelo sistema colonialista que desde o século XVI afogou as suas características culturais e destruiu os seus recursos de desenvolvimento nacional, a moderna exploração imperialista voltou-se para antigas nações europeias colonizadoras. A criação da Troika pela União Européia e o FMI exerce hoje um poder que anula a existência de Governos nacionais e traça os programas de Estados, que eram independentes há dezenas de séculos, como se fossem suas colônias. Isto já ocorre em Portugal, Espanha e Grécia, avança na Irlanda e Itália, e invade com maior ou menor visibilidade em todos os demais países do Velho Continente enquanto dilacera as nações do Oriente Médio. O valor cultural e humano das nações europeias hoje sofre o mesmo aniquilamento que as civilizações na África, nas Américas, no Oriente Médio e na Ásia imposto pela invasão colonial. Para além de ser um crime hediondo contra a humanidade é o retorno da barbárie fascista.As grandes empresas farmacêuticas multinacionais substituíram o uso de cobaias nos laboratórios dos países ricos pelos testes feitos com pessoas que vivem na miséria a quem pagam uns tostões e, no melhor dos casos, dão uma "compensação" financeira à família quando a "cobaia humana" morre em consequência dos testes. Isto foi denunciado em filme  (TVI,pt - programa Observatório) com entrevistas na Índia onde cresce a estatística de mortes por responsabilidade de laboratórios norte-americanos, franceses, suiços e alemães. O colonialismo britânico, ao dominar aquela civilização milenar, abriu as portas à desagregação nacional e foi expulso em 1947 pelo movimento conduzido por Ghandi, deixando o território minado para a infiltração imperialista da qual participa. Este é um dos muitos exemplos que explicam as chacinas e os projetos "errados" aplicados pelo Banco Mundial que levou povos inteiros à fome na África.

Hoje os "projetos de desenvolvimento econômicos e organização de supostos Estados Sociais" são aplicados  impunemente pelo FMI e a Troika nos paises mais pobres da Europa (como anteriormente em todo o Terceiro Mundo) e têm o desplante de reconhecerem que não deu certo, por falhas técnicas dos governos subalternos de cada nação, e inventam outro programa. O mundo todo está servindo de "cobaia" para os cérebros doentios de uma elite que só visa lucros financeiros.

"Uma vasta onda de conservadorismo econômico varre o Brasil. Neste exato instante, por exemplo, o ministro da Fazenda Guido Mantega batalha por um amplo corte no Orçamento da União para 2014. Reduzir investimentos públicos é, pensa ele, indispensável para “tranquilizar os mercados”, sinalizando que o governo Dilma não adotará políticas que os afetem e recuperando sua “confiança“. Entre os adversários mais fortes da presidenta, o cenário é ainda mais devastador. Aécio Neves prega o retorno puro e simples às políticas neoliberais. Eduardo Campos e Marina Silva cercam-se, informa o Valor Econômico, dos principais assessores econômicos de FHC. Prevêem, se eleitos, ampliar as concessões que o Executivo faz, há meses, ao mundo das grandes finanças. Não há saída, todos parecem calcular: num mundo em que a crise agrava-se, a única opção de governantes prudentes seria evitar ousadias, não confrontar o grande poder econômico, esperar que passem os tempos de vacas magras. Será verdade?"(Portal Vermelho, 21/02/14)

A América Latina tem alcançado êxitos indiscutíveis de nível económico com aumentos de produção e exportação, além de combater a miséria interna que mantinha a maior parte da população excluída dos benefícios institucionais. Em consequência surge uma nova classe média com acesso à formação escolar e profissional. Esta tem sido a luta de governantes progressistas apoiados por forças partidárias de esquerda. O imperialismo tenta promover conflitos de rua contra os serviços públicos que herdaram um modelo oligárquico e anti-democrático de comportamento que discrimina os mais pobres e aqueles que reivindicam os direitos de cidadania garantidos pela Constituição.  E é do poder financeiro internacional, através dos bancos e do FMI, que vêem as pressões para manter uma injusta distribuição de riquezas e cortes nos orçamentos para promover a criação de infra- estruturas, produções e desenvolvimento social.

Nos continentes africano e asiático a ação imperialista utiliza a estratégia da fome, das endemias, da desproteção diante dos fenómenos climáticos. A pouca ajuda que enviam aos países empobrecidos revertem em criação de controles empresariais multinacionais que fomentam o turismo para ricos e o aproveitamento da mão de obra barata, de governos submissos que anulam as conquistas de legislações favoráveis à democracia, da miséria que aceita servir como cobaias para testes de produtos químicos ou prostituição em troca de esmolas para sobreviverem como escravos.

É hora de organizar com a participação popular consciente e os governantes progressistas apoiados por amplo movimento social e partidário de esquerda um "basta" às infiltrações anti-democráticas nos serviços do Estado e as formas de corrupção que atuam através de personalidades poderosas no país que usam a grande mídia como arma de perversão desinformativa.

Zillah Branco

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