Álvaro Cunhal deixou um legado de conhecimentos e esperança
Quem teve a oportunidade de conhecer e ouvir o camarada Álvaro Cunhal, ou que hoje estude os documentos da sua vida e procure entender a fusão alcançada por ele entre o ser humano, o intelectual, o artista, o militante e o dirigente comunista, assume o dever de participar e contribuir no processo de transformação que ocorre no presente fazendo uso do seu exemplo e do legado científico e filosófico que nos deixou.
Por Zillah Branco*, de Lisboa, especial para o Vermelho
Comemoração do aniversário de Àlvaro Cunhal dia 10 de novembro de 2013.
No calor do processo revolucionário os militantes comunistas amadureceram incorporando as qualidades humanas que abriram múltiplos caminhos de luta: pela democracia, pelos direitos trabalhistas, pela igualdade de direitos das mulheres, pela valorização dos idosos e das crianças, contra os preconceitos raciais, de crenças, de gênero, de condições de saúde e opções de vida.
A queda da URSS e do sistema socialista na Europa não destruiu as conquistas ideológicas que foram desenvolvidas com a Revolução de Outubro e absorvidas em todo o mundo.
O longo trabalho de formação nas escolas soviéticas e dos demais países socialistas - de quadros profissionais e militantes de todos os continente - assegurou o êxito das transformações revolucionária empreendidas por povos que lutavam contra a opressão colonialista e imperialista que os asfixiava.
O apoio à divulgação de textos teóricos e notícias das lutas de libertação em todo o mundo, para a formação de uma cultura livre do controle mediático capitalista, permitiu o esclarecimento de grandes massas sobre o caminho da emancipação social como base dos Direitos Humanos fundamentais.
A existência por 80 anos de uma sociedade socialista mudou o curso da história mundial abrindo caminhos de luta para que a humanidade não aceite a escravização imposta por elites que se apropriaram das riquezas nacionais.
O camarada Álvaro Cunhal defendeu sempre a necessidade de "ouvir
o outro", dialogar, compreender as diferenças, procurar o caminho para promover "alianças", com o objetivo de ampliar as bases de apoio ao caminho revolucionário e conquistar as massas trabalhadoras.
Foi assim que, na década de 1940 o jovem dirigente orienta o PCP no sentido de estimular a organização de setores democráticos não comunistas a desencadearem lutas contra o fascismo e a opressão ditatorial.
O resultado do longo percurso partidário permitiu, meio século depois, a eclosão do 25 de Abril com o êxito da ação do MFA, o fortalecimento do movimento sindical, o fim da guerra colonial e a queda do regime ditatorial em Portugal, com amplo apoio da população e de organismos internacionais defensores da Paz mundial.
Em 2003, Álvaro Cunhal enviou a sua reflexão para o Encontro Interna
Foi assim que, na década de 1940 o jovem dirigente orienta o PCP no sentido de estimular a organização de setores democráticos não comunistas a desencadearem lutas contra o fascismo e a opressão ditatorial.
O resultado do longo percurso partidário permitiu, meio século depois, a eclosão do 25 de Abril com o êxito da ação do MFA, o fortalecimento do movimento sindical, o fim da guerra colonial e a queda do regime ditatorial em Portugal, com amplo apoio da população e de organismos internacionais defensores da Paz mundial.
Em 2003, Álvaro Cunhal enviou a sua reflexão para o Encontro Interna
cional da "América Latina: sua potencialidade transformadora no mundo de hoje". Compreendeu que as diferentes culturas seguem cursos históricos específicos, alternativos às experiências europeias.
Naquele texto recomenda: "os trabalhadores, os povos e as nações não podem aceitar que a ofensiva global seja irreversível" e deverão organizar "as forças capazes de impedir que o imperialismo alcance o seu supremo objetivo".
Faz um alerta: "apesar de ser por caminhos diferenciados, complexos e sujeitos a extremas dificuldades, é essencial para a humanidade que alcancem com êxito tal objetivo".
Aponta as bases para a luta que continua e hoje exige a nossa decidida participação em todo o mundo:
"Primeiro: os países nos quais os comunistas no poder (China, Cuba, Vietname, Laos, Coreia do Norte) insistem em que o seu objetivo é a construção de uma sociedade socialista.
Segundo: os movimentos e organizações sindicais de classe, lutando corajosamente em defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores.
Terceiro: partidos comunistas e outros partidos revolucionários, firmes, corajosos e confiantes.
Quarto: movimentos patrióticos, com as mais variadas composições políticas, atuando em defesa dos interesses nacionais e da independência nacional.
Quinto: movimentos pacifistas, ecologistas e outros movimentos progressistas de massas."
Na América Latina cresce o número de nações com governos progressistas que, apesar das pressões políticas ostensivas e das infiltrações imperialistas em setores de oposição que agem dentro dos Estados e através de redes do crime organizado, têm reunido um conhecimento aprofundado da realidade social que permite atender e valorizar populações antes marginalizadas integrando-as com os direitos de cidadãos na vida nacional. Retiram das condições desumanas de fome e miséria milhões de pessoas, integrando-as como cidadãos na sociedade.
Esta grandiosa tarefa só é possível com o apoio fundamental e revolucionário dos movimentos sociais, sindicais e de moradores, as iniciativas de participação popular organizadas e a efetiva aliança com partidos de esquerda. Os Partidos Comunistas levam a esses movimentos a experiência revolucionária centenária no mundo e a capacidade organizativa adquirida na luta.
Este vínculo direto de Governos democráticos com a realidade em que vive o povo, permite canalizar os recursos necessários ao desenvolvimento de novas atividades e usufruir da capacidade criativa na produção de bens e ideias construtivas.
A contribuição levada por professores e estudantes neste processo democrático de desenvolvimento estabelece uma aproximação do sistema educacional com a realidade profunda contribuindo para o enriquecimento intelectual e profissional das sociedades.
A militância organizada dos comunistas alimenta-se e contribui para o aprofundamento da educação social e da formação profissional nos múltiplos setores do desenvolvimento econômico e da organização das forças produtivas.
O camarada Álvaro Cunhal referiu-se em carta (de 28 de Fevereiro de 2003), ao processo de eleições presidenciais democráticas vitoriosas na América Latina como "grande acontecimento político positivo que não exclui contradições e dificuldades graves. Anoto também, (diz Álvaro Cunhal) que quaisquer comparações com acontecimentos em Portugal, antes e depois da revolução de Abril, com extrema prudência podem ser avançadas."
Hoje vemos que, não só na América Latina mas na Ásia e na África, caminhos revolucionários adequados às condições históricas e culturais que formaram nações e povos independentes, têm alcançado significativos êxitos nacionais e internacionais no processo democrático mundial.
Camaradas, unidos em todo o mundo, venceremos!
*Zillah Branco é cientista social, militante comunista, colaboradora do Vermelho e integrante do Conselho do Cebrapaz.
Naquele texto recomenda: "os trabalhadores, os povos e as nações não podem aceitar que a ofensiva global seja irreversível" e deverão organizar "as forças capazes de impedir que o imperialismo alcance o seu supremo objetivo".
Faz um alerta: "apesar de ser por caminhos diferenciados, complexos e sujeitos a extremas dificuldades, é essencial para a humanidade que alcancem com êxito tal objetivo".
Aponta as bases para a luta que continua e hoje exige a nossa decidida participação em todo o mundo:
"Primeiro: os países nos quais os comunistas no poder (China, Cuba, Vietname, Laos, Coreia do Norte) insistem em que o seu objetivo é a construção de uma sociedade socialista.
Segundo: os movimentos e organizações sindicais de classe, lutando corajosamente em defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores.
Terceiro: partidos comunistas e outros partidos revolucionários, firmes, corajosos e confiantes.
Quarto: movimentos patrióticos, com as mais variadas composições políticas, atuando em defesa dos interesses nacionais e da independência nacional.
Quinto: movimentos pacifistas, ecologistas e outros movimentos progressistas de massas."
Na América Latina cresce o número de nações com governos progressistas que, apesar das pressões políticas ostensivas e das infiltrações imperialistas em setores de oposição que agem dentro dos Estados e através de redes do crime organizado, têm reunido um conhecimento aprofundado da realidade social que permite atender e valorizar populações antes marginalizadas integrando-as com os direitos de cidadãos na vida nacional. Retiram das condições desumanas de fome e miséria milhões de pessoas, integrando-as como cidadãos na sociedade.
Esta grandiosa tarefa só é possível com o apoio fundamental e revolucionário dos movimentos sociais, sindicais e de moradores, as iniciativas de participação popular organizadas e a efetiva aliança com partidos de esquerda. Os Partidos Comunistas levam a esses movimentos a experiência revolucionária centenária no mundo e a capacidade organizativa adquirida na luta.
Este vínculo direto de Governos democráticos com a realidade em que vive o povo, permite canalizar os recursos necessários ao desenvolvimento de novas atividades e usufruir da capacidade criativa na produção de bens e ideias construtivas.
A contribuição levada por professores e estudantes neste processo democrático de desenvolvimento estabelece uma aproximação do sistema educacional com a realidade profunda contribuindo para o enriquecimento intelectual e profissional das sociedades.
A militância organizada dos comunistas alimenta-se e contribui para o aprofundamento da educação social e da formação profissional nos múltiplos setores do desenvolvimento econômico e da organização das forças produtivas.
O camarada Álvaro Cunhal referiu-se em carta (de 28 de Fevereiro de 2003), ao processo de eleições presidenciais democráticas vitoriosas na América Latina como "grande acontecimento político positivo que não exclui contradições e dificuldades graves. Anoto também, (diz Álvaro Cunhal) que quaisquer comparações com acontecimentos em Portugal, antes e depois da revolução de Abril, com extrema prudência podem ser avançadas."
Hoje vemos que, não só na América Latina mas na Ásia e na África, caminhos revolucionários adequados às condições históricas e culturais que formaram nações e povos independentes, têm alcançado significativos êxitos nacionais e internacionais no processo democrático mundial.
Camaradas, unidos em todo o mundo, venceremos!
*Zillah Branco é cientista social, militante comunista, colaboradora do Vermelho e integrante do Conselho do Cebrapaz.
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